O Caminho para União dos Palmares - Quilombos esquecidos
- por Fernanda Bertino
- 15 de mai. de 2016
- 4 min de leitura
Saindo de Praia Formosa (Paraíba), fomos em direção a União dos Palmares (Alagoas), mas com alguns deveres de casa para fazer pelo caminho: queríamos fazer umas compras na Feira de Caruaru e também queríamos passar em Bezerros - cidade natal de meu bisavô.
Então, em 3 noites que passamos entre Gravatá e União dos Palmares vimos:
- Passagem pela cidade de Gravatá
- Estrutura da Feira de Caruaru
- Passagem pela cidade de Bezerros
- Cidade de União dos Palmares
- Parque Memorial Quilombo dos Palmares
- Cerâmica Muquém
Confesso que ficamos batendo cabeça e não conseguimos muita coisa nesse percurso não.
Primeiro paramos em Gravatá para dormir - pra quebrar o tempo de percurso que já estava em 3h. Ouvimos dizer que Gravatá era a Suíça Pernambucana, mas ao vivo não é bem assim. Tem uns restaurantes que servem foundue e umas casinhas com ar arquitetônico um pouco suíço... e só, rsrsrs. Vimos uns mega hotéis com estilo fazenda que parecem oferecer aqueles fins de semana memoráveis, com all inclusive, para quem está fugindo da grande cidade, mas não tem muito tempo. Como Gravatá fica apenas a 1h30min de Recife, o pessoal deve usar muito a estrutura para isso. Bem, para nós, Gravatá serviu só mesmo como dormitório para seguir viagem.
No dia seguinte, ainda a rumo de União dos Palmares, andamos mais 1h e paramos em Caruaru para ver a famosa Feira de Caruaru, mas adivinhem??? A Feira só acontece de domingo para segunda-feira, kkkkk, fomos no dia errado e vimos só um monte de barraquinhas de feira vazias. Mesmo assim, as lojas lá são bem baratas, o Nando comprou umas 6 peças boas de roupa por R$ 120,00! Ah, encontrei esses quadrinhos bordados lindinhos!
Dica geral: a Feira de Caruaru começa na madrugada de domingo para segunda-feira, tipo 4h da manhã, e termina antes do meio-dia de segunda-feira. Se organize para não perdê-la, pois só de ver a quantidade de barraquinhas e as roupas que as lojas em voltam vendem, já deu para ter noção que vale a pena ir.
Seguimos viagem no mesmo dia em direção a Bezerros, mais 30min, com um objetivo especial: meu bisavô nasceu ali no ano de 1889 e eu tinha a missão de recuperar sua certidão de nascimento para entregar à minha avó. Deu tudo certo, o cartório fez a segunda via prontamente e também permitiu que eu fotografasse o registro original, no Livro I do cartório, bem legal!

Seguimos então para União dos Palmares, chegamos já no fim de tarde.
Conseguimos uma pousada com ótimo preço e estrutura e ali ficamos.
No dia seguinte, 13 de maio, fomos visitar o Parque Memorial do Quilombo dos Palmares. Eu achei que fosse acontecer algum evento ali, pois era dia de comemorar a teórica Abolição da Escravatura, mas lá descobri que eles só comemoram o 20 de novembro, Dia de Zumbi. Fiquei um pouco frustrada, pois o Parque é bem legal e poderia se aproveitar de todas as datas possíveis para nos lembrar de como é triste a escravidão e o racismo. Mas, enfim, fizemos a visita.
Para chegar lá não é fácil: são 9km de estrada de terra a partir da cidade União dos Palmares e a estrada está bem ruim. Nós, mesmo com jipe 4x4 passamos por pedaços bem difíceis. Lá chegando, você estaciona o carro e entra por um portão que abre em um grande gramado cercado por réplicas de estruturas da época em que o Quilombo foi ativo. Tem ocas, casa de farinha, casa dos orixás, praça, etc. Há um restaurante, desativado, que promete servir quitutes quilombolas. Soubemos que ele funciona somente dia 20 de novembro.

De qualquer forma, mesmo com a dificuldade de chegar e o pouco uso da estrutura, vale a pena ir. É um lugar de muita história, nossa história e e importante já plantar essa sementinha na cabeça de nossos filhos desde pequenos. Fora que Filó adorou correr no gramado, subir nas escadas de madeira, tirar frutas do pé e comer na hora (lá tem pé de tudo: laranja, goiaba, cacau, banana, etc).
Dica de mãe: sempre anda com uma faca na bolsa para descascar as frutas que encontrar pelo caminho. As crianças adoram essa coisa de colher e comer ali mesmo e é uma ótima oportunidade de nossos pequenos aprenderem da onda vem as comidas!
A noite, de volta à cidade, jantamos e nos deparamos com uma roda de capoeira bem legal que estava tentando não deixar a data passar em branco.
Dica para veganos: não há muita opção para veganos na cidade. Para almoço achamos um restaurante self-service que tinha feijão sem carne e algumas opções de salada. Para lanche achamos um pastel com massa vegana que fez um recheio especial com tomate, milho e azeitonas e uma padaria que serve macaxeira cozida. Para janta achamos o restaurante Aquarius que fez um macarrão com legumes delicioso (não tinha no cardápio, mas nós pedimos e eles fizeram alegremente).
No dia seguinte fomos procurar um artesanato em barro específico da região e também não foi fácil de achar, a Cerâmica Muquém. Perguntamos pra algumas pessoas até chegar numa estradinha de terra e ali começaram as plaquinhas. É pertinho, mas de carro. A moça faz peças de barro junto com o marido, seguindo uma tradição passada desde sua avó. Há peças mais artísticas e peças mais comerciais, preço bom.

De lá seguimos nossa viagem.