Lençóis: é realmente uma porta de entrada para a Chapada Diamantina?
- por Fernanda Bertino
- 21 de fev. de 2016
- 4 min de leitura
Geograficamente falando, Lençóis é a cidade da Chapada Diamantina mais próxima a Salvador e nela também há um pequeno aeroporto... Logo, muitos se referem a ela como "A Grande Porta de Entrada da Chapada Diamantina".
Bem, vamos analisar alguns fatos que observamos:
Saindo do Vale do Capão, em 2h de carro chegamos a Lençóis.
Paramos rapidinho em Palmeiras para almoçar, mas nem recomendo: só há um restaurante e é muito ruim. Vale seguir direto.
A estrada do Vale até Palmeiras é bem esburacada, mas de Palmeiras para Lençóis vc pega a BR então fica tranquilo até a entrada de Lençóis, quando novamente são 12km com buracos, mas td bem.
Enfim chegamos!
Bem, deixa eu dizer, as pessoas que vem para Lençóis têm geralmente o objetivo de visitar os pontos turísticos naturais daqui da cidade e pegar Tours para também conhecer os pontos turísticos dos outros cantos da Chapada, já que Lençóis é a cidade mais organizada turisticamente e promete ter "solução" para todos os seus passeios.
Como estamos de carro e já rodamos as outras cidades da Chapada, os pontos de nosso interesse nesse momento da viagem eram os daqui de Lençóis mesmo: Morro do Pai Inácio, Gruta da Lapa Doce e Pratinha.
Escolhemos o camping Lumiar, pois, apesar de não ser barato (R$ 35/pessoa), ele fica bem no centro, é muito amplo, arborizado, cozinhas e banheiros ótimos. E também qualquer pousadinha custaria mais do que isso.

Montamos barraca e começamos a analisar o que fazer, como ir para os pontos de nosso interesse, conversamos com quem já estava no camping e aos poucos fomos juntando relatos frustrantes dos visitantes daqui.
O lugar é lindo, ninguém está colocando isso em dúvida - natureza esplêndida, cidadezinha bem arrumadinha, comércio farto, ainda mantém um ar de lugarejo de interior mas ao mesmo tempo tem diversos restaurantes, pousadas e afins.
No entanto, o que sentimos aqui foi que 80% dos visitantes é gringa, mais especificamente sulamericanos e europeus. Isso quer dizer que vieram de avião ou sei lá como até Salvador e de lá pegaram um transporte público para Lençóis. Estão sem carro. Os outros 20% dos visitantes são brasileiros, mas poucos vem de carro.
Aí ferrou! Passear aqui sem carro quer dizer que você vai precisar de grana.
Por exemplo, os guias cobraram R$ 180,00 por pessoa pra subir o Morro do Pai Inácio, isso fica só a 30min de Lençóis de carro e a subida leva 15min a pé numa trilha super fácil que não precisa de ninguém pra te guiar. Parece que se você for em alta temporada e conseguir se encaixar num grupo, os preços abaixam - não sei.
Pra outra cidade da Chapada, os preços médios são R$ 500,00 por pessoa.
Aí vc pensa: pra europeu é tranquilo eles ganham em euro.... Mas uma questão é que o preço acaba sendo praticado pra todos, inclusive baianos.... Outra questão é que não há outra opção, não há transporte público regular para os pontos turísticos e nem ligando uma cidade à outra.
Todo o fundamento está errado! Se Lençóis se vende como a porta de entrada da Chapada, a mobilidade aqui deveria ser facilitada, não acham?
Outra questão é o mau humor das pessoas que trabalham nos restaurantes. Esquisito isso, pois foi também assunto entre todos do camping. Os preços não são baratinhos, há gorjeta normal, mas é difícil arrancar uma gentileza por aqui.
No fim das contas, me senti um pouco desconfortável com essas questões e achei a região sul da Chapada bem mais amiga e com atrações bem mais próximas e passeios mais baratos.
De repente, pra quem chega em Salvador, melhor pegar um ônibus pra Mucugê e de lá fazer os passeios. Agora se o objetivo for muito o Morro do Pai Inácio, vá de Salvador pra Lençóis, faça o passeio e depois vá para Mucugê pra fazer o percurso sul.
Agora, como eu falei no início: não há como negar que aqui é lindo, rs
Do nosso roteiro, conseguimos ir no Morro do Pai Inácio e fomos também em lugares inesperados como na Cachoeira do Ribeirão do Meio, no Poço do Diabo e Rio Mucugezinho, fora o andaço pela cidade.
ps. Não fomos na Pratinha pois as chuvas do último mês atrapalharam um pouco e nem as agências estavam vendendo passeios para lá. Não fomos na Gruta pois era R$ 40,00/pessoa só para entrar e é caminho da Pratinha e achamos que não valia ir sem poder ir na Pratinha.
Sobre comida, tivemos um pouco de dificuldade com almoço. Não há regularidade para o funcionamento dos restaurantes no almoço. Hoje está aberto ao meio-dia, amanhã só as 15h, depois de amanhã não abre, rsrsrs, loucura!
Essa coisa de procurar onde comer cansava um pouco, principalmente a Filó, que tinha seus horários todos desarrumados.
Conseguimos um macarrão vegano gostoso no Bar da Zilda e um quilo muito gostoso no "Fundo de Quintal", fora isso, espere pelo jantar, que é quando tudo está aberto, fervendo e delicioso!
Experimente também os sucos na Casa dos Sucos, bem ali na rua principal. 500ml por R$ 3,00 e é natural da fruta!!! Muito bom!
Sobre trilhas com a Filó, todos os passeios que fizemos têm trilhas bem leves e ela tirou de letra, com a ajuda do Nando, claro!
Morro do Pai Inácio: 15min de trilha entre pedras e subida, mas não é difícil
Tente chegar lá umas 16h pra ficar até o por-do-sol. Vale muito a pena. Leve lanterna para descer no escuro, embora os guias não aconselhem a descida após o por do sol =)

Cachoeira do Ribeirão do Meio: 40 min de trilha de areia, boa e lisa como um tapete.
Legal escorregar nessa pedrona!!! Rasga o biquini, mas vale a pena. Vá de short =)

Poço do Diabo e Rio Mucugezinho: 15min de trilha entre pedras, mas bem plano.
É lindo lá, um poção enorme que dá pra nadar (e cansar) e uma cachu forte. Dá pra entrar atrás da queda d'água, é perigoso, mas eles colocaram uma corda que liga as pedras até a queda (no canto esquerdo de quem olha pra cahu), vá fazendo tipo slackline que vc se dará bem!

E estes dias foram nossas despedidas da Chapada Diamantina.
Agora, vamos rumo ao litoral!